Um blog partilhado por Felisbela Fonseca e Nuno Catarino.

25 junho 2004

A Democracia Comovente

Era escuro, seco e áspero. Era verão por fora, inverno por dentro. Era pele, fesca, como é costume das peles jovens. As pessoas nunca são bem aquilo que imaginamos, nós nunca somos exactamente aquilo que esperam de nós. A chuva cai, apesar do sol, lá fora. Nunca estamos certos, ou errados, somos o que o acaso faz de nós. Cá dentro as nuvens continuam. Suspensas pelo teu sorriso que não aparece. Vem. {N}

Foi-se. O sol estava tão bom, tão quente. Sim, bem sei que nem sempre os caminhos são fáceis e talvez o amor não seja uma bola de sabão nem as almas doces. Estava tão o céu azul, tão claro, tão limpo. Não, não sabia que havia pedras, nem curvas sinuosas, pensava que já conhecia todos os horizontes, que sabia a cor dos teus olhos. Venha o vento para levar as nuvens enquanto respiro fundo para afastar a vontade contrária à de sorrir... {F}

22 junho 2004

The Ballad of El Goodo

Começava assim devagarinho. Imaginava que a vida fosse assim, em crescente... E deixava de estar ali sentada para voar e dançar, até ficar tonta e cair numa gargalhada imparável. E depois, deitada no chão cantava, cantava... out loud quase embriagada de tanta vontade, num transe absoluto. Hoje quero uma overdose de vida, quero que a noite seja quente e que seja mais longa e que não acabe e quero ficar assim... Ohohhh Ohohhh
{F}

21 junho 2004

Hipótese de reencontro / Separação oblíqua

Abriu o jornal, tirou os classificados, pesquisou anúncios. Fixou-se num anúncio: "Arrenda-se Estúdio, Rua S.Bento, 350€". A alma ficou suspensa na resposta que viria do outro lado do telefone. Ligou, falou, ouviu. Respirou de alívio. Seria aquele o novo espaço que albergaria os seus pertences e sentimentos? Tinha acabado de sair do apartamento partilhado com aquela que havia sido, em tempos, um amor, mas era agora um estorvo à sua vida. Fugia. Ia mudar-se de vez, deixava para trás discussões e confusões. Ia ser feliz, ou pelo menos imaginava que sim. {N}

Já nada fazia sentido. Perguntou a si mesmo porquê... rodeou-se de perguntas sem resposta. Só queria ser feliz e para isso precisava em primeiro lugar de um tecto, um tecto que o protegesse das coisas previsíveis, das chuvas, dos calores tórridos, do frio de Dezembro. As coisas imprevisíveis não têm tecto. {F}