Um blog partilhado por Felisbela Fonseca e Nuno Catarino.

16 fevereiro 2005

Crime Passional

Há laços nesta vida que se apertam com o tempo. Um dia quis acabar com o nosso, não sabendo que os laços muito apertados não se conseguem nunca desfazer. Foi então que ficámos num limbo, ficámos num abismo suspensos sobre as pontinhas dos pés sabendo que um dia haveríamos de cair. O tempo foi passando e laço a apertar. Se cairmos, caímos os dois. Agora sei que tens uma faca afiada na mão, que queres cortar a corda e deixar-me cair sem piedade no chão de terra vermelha, seca, onde morrem todos os amores. Sei que vais fazê-lo hoje no preciso momento em que olhares para mim e incendiares os teus olhos negros. Não devia ter deixado que o tempo apertasse tanto o maldito laço que agora me arrasta para a pira inflamada do teu olhar. Nunca consegui desfazê-lo apesar de todas as noites perdidas à luz de uma vela a tentar descobrir as suas voltas misteriosas. Agora sei que se cairmos, caio só eu.



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