Sabes...
Sabes que as asas que dizes ter não existem e que o limbo onde sempre andas um dia vai deixar-te cair. Sobe a rua a correr como fazes todos os dias nas manhãs frias deste Inverno de sol, deixa o casaco escorregar pelas ombros sem te preocupares em compô-lo só porque não te importas e nem o Fernando Pessoa esplanado desde cedo fará cara torta à tua passagem sempre ligeira. Levas o sorriso na cara que espalhas por toda a gente, que aquece o coração vazio do velho mendigo de mão firmemente estendida. O eléctrico dobra a esquina enquanto atravessas os carris. Atira-te, só assim sabes se voas.
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