Um blog partilhado por Felisbela Fonseca e Nuno Catarino.

13 novembro 2004

Um afago, duas carícias e três gramas de ternura

Não penses e não faças nada, deixa-te levar pelo calor das mãos, do vinho e dos sorrisos, por todo o carinho que chove sobre nós e que aquece a noite. Não penses e deixa-te seguir pelas promessas da lua, a loiça lava-se depois, a roupa estende-se mais tarde, por agora ficamos só dois corpos com vontade de descobrir toda a beleza da noite ao som dos lalalas do Devendra e amanhã de manhã acordo com a barba sobre essa barriguinha divina dona do umbigo mais bonito do mundo sem retoques de photoshop.
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Tenho as mãos tão frias e não quero fazer nada, não quero ir para mais lado nenhum senão para o teu colo e sentir-te o calor. Podes descansar sobre a minha barriga e eu desenho caracóis no teu cabelo até altas horas da noite sem querer pensar em mais nada senão neste lalala.
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Castanhas, vinho e mimo

Dá uma oportunidade à vida que os afectos não se devem pensar demais. Não penses que as pessoas ficam sempre, incondicionalmente, se não tiverem uma âncora. Da mesma forma que chegam, vão e se encontrarem só um lugar frio demais não podes esperar que morram geladas. Não, não devemos magoar ninguém que somos todos fragéis, varas verdes nos vendavais dos olhares sedentos.

E a vida dá-me oportunidades?

A vida não te dá nada se não quiseres vivê-la. Mas sossega.

Gosto tanto do teu colo, dos teus mimos, que no dia em que não puder chegar até ele em meia dúzia de pedaladas na bicicleta morro de frio.

Cresce filha, cresce e sê sempre a menina que te ensinei a ser.

Até amanhã.
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11 novembro 2004

Invocação de um Anoitecer

Leio, releio, no meio emociono-me e volto a reler. É assim que te trago de volta a mim e tu vens, maravilhoso como sempre ao som de um piano. Os anos passam e tu permaneces inabalável no pedestal em que te coloquei há mais de 10 anos, com a mesma ternura, com a mesma vontade transpirada em cada sorriso, desde o dia em que cruzámos o olhar porque te apanhei a seguir descaradamente o meu cruzar de pernas. Depois convidaste-me para um copo e eu não pude dizer que não, que não há traiçao maior que a negação das vontades. Nem sabia bem quem eras, o que querias de mim, quem te tinha nos imensos dias em que não estavas comigo, se alguém esperava por ti. Depois confessaste que durante os fins de semana fora guardavas ternamente o sabor do nosso último martini. Depois confessei-me.
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