A Visita
A tua casa era no topo da árvore mais alta de todo o bosque. As escadas subiam num caracol sem fim e era por isso que ficava tonta. Enfeitava-me de flores sempre que recebia o teu convite para uma sopa de cogumelos encantados, vestia o vestido verde muito comprido, deixava os cabelos ruivos escorregar pelas costas e apressava o passo sobre os pés descalços no caminho junto ao rio. Encontrava-te à janela e depois subia para o caracol que haveria de entregar-me aos teus braços. Dentro de casa tinhas sempre um vendaval de folhas de papel escritas de um lado e do outro, rabiscadas, riscadas, folhas e mais folhas que se misturavam com as claves de sol e as colcheias que dançavam ao som das músicas do gramofone incansável.
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