bloom: ensaio primário sobre as variações do tempo
A primavera é mais bonita quando chega no Inverno, mesmo a meio do Inverno. Em Dezembro devia chover e fazer muito frio mas mesmo que estivessem zero graus lá fora, nos teus braços haveria sempre flores e manhãs frescas com o sol a brilhar. Não me lembro de um Inverno tão quente, não me lembro de ter aberto a terceira gaveta da cómoda e escolher um cachecol e um par de luvas para enfrentar as manhãs geladas, não me recordo de sentir o nariz frio nem os lábios secos pelo vento. Depois chegou Janeiro e a chuva teimava em não tirar da chapeleira o chapéu de chuva encarnado que veio de Londres de propósito para passear em Lisboa. Só me lembro de ter chovido uma vez, mas pousaste a tua gabardina sobre os meus ombros e desatámos a correr para a cafetaria mais próxima e ficámos a ver chover enquanto brincavas com as pontas molhadas do meu cabelo. Foi só nesse dia, nunca mais choveu assim, mas voltaste e brincar com o meu cabelo repetidas vezes.
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