Um blog partilhado por Felisbela Fonseca e Nuno Catarino.

20 maio 2004

A vontade maior e a faca

Só tive pena que não tivesses visto... Foi tão lindo! Ele já não se mexia e já não havia sangue. Deixei-o bem enterrado e nunca ninguém vai descobrir. [N]

Nem acredito que o fizeste. Ainda bem. Já tinhamos falado sobre o desperdício de carne não tinhamos? [F]

O assunto está despachado, já ninguém te chateia agora, querida. Já não
vais ser mais perseguida por esse monstro, passeia-te à vontade pelas ruas escuras de Odivelas. A carne humana apodrece tão depressa... [N]

Confessa que nem pensaste, que nem por um instante te negaste à possibilidade de satisfazer esse desejo de sangue. O teu instinto protector foi só uma perfeita desculpa. Senti-te mais quente nessa noite. O sangue humano é tão doce... [F]

Tu pediste-me, tu suplicaste ajuda. Eu faço o que me pedes. Tudo. O sangue é doce, mas o remorso ensombra-me a noite, acompanho-te apenas mais um pouco nesse teu prazer proibido. [N]