Um blog partilhado por Felisbela Fonseca e Nuno Catarino.

17 maio 2004

A minha cama tem saudades tuas

A minha cama tem saudades tuas, deitado no lado esquerdo que é só teu; A minha cama tem saudades do teu corpo quente enroscado no meu, pequeno, de menina, a olhar os teus olhos redondos, negros, onde descanso os meus; A minha cama tem saudades do teu acordar lento, tardio, dessa tua ronha que me dá tempo para preparar gominhos de tangerinas que depois te dou, um a um, entre beijos doces.

(O fim de semana foi assim tão bom?)

O cata-vento não pára de girar. Desde muito cedo que o ouço numa pressa quase desconhecida. Uma ventania dos diabos a entrar pela casa dentro. Na cozinha o vento assobia ao passar pela janela ligeiramente aberta. São 06h00 e não consigo voltar ao sono leve que esta noite me fez sonhar com o mar. Encontrei uma estrela... a tua mão aberta a que chamo estrela do mar. Acho que vou de bicicleta até à praia. Pode ser que o vento ajude.

(A minha cama tem tantas saudades tuas... E tu nunca lá foste.)

Era um dia igual a outros mas numa outra casa. Deixei tudo, tudo o que foi sempre nada porque não chegaste a conhecer. Esperei até perder a vontade. Acho que não me lembro de um vento tão forte, capaz de varrer tudo, tudo. Depois foi só pintar novas paredes. Não me esqueci do cata-vento para não me esquecer que há vento.

(Nunca me deixaste subir quando foi oportuno, chamaste-me quando estava ocupado. Nunca te provei, mas sempre te imaginei condimentada.)

[FF]