Desapareceste-me
Os dias foram passando. As férias como desculpa fácil para almas inquietas. O sol a aquecer e por dentro um frio tão grande, tão grande. Desapareceste-me como o sol no inverno. |f|
O sol fugiu contigo, chegaram nuvens, veio a chuva. O tempo não fez esquecer a ausência. Por vezes sinto um aroma breve de tangerinas, mas já não és tu. E sei que no dia em que sorrir por te reencontrar vou tremer ao sentir os lábios tão próximos a soprar-me coisas quentes ao ouvido. |n|
Chove, chove e eu nem me lembrava do cheiro da chuva, do toque frio das gotas, primeiro leves, depois a carregar os ombros gelados. Chove e talvez assim consiga disfarçar as lágrimas deixo fugir enquanto fugo desta chuva fora de horas, inesperada. |f|
Sim, a chuva disfarça, mas parece tudo mais feio. Vieram as férias e tu foste para não voltar. Depois veio a chuva, que não te trouxe, veio só um choro de água triste e incómoda. É na lembrança das tuas curvas belas de alegria que consigo respirar. |n|
O sorriso volta a mim depois da chuva, de cada vez que o teu sol me invade. Curvas e contracurvas de felicidade nos mimos doces desses olhos incapazes de expressões mais ousadas mas tão cheios de vontade. O fim das férias, a chuva, as mangas compridas e as sombrinhas de sol coloridas a dar lugar a chapéus negros para a chuva. Falta-me o ar. |f|
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