Lua Cheia em Agosto
Tínhamos combinado às 22h00. Eu dava um toque e tu desligavas no mesmo instante em que lançavas a mão sobre o casaco pousado nas costas da cadeira da sala e voavas até à porta que se fechava depressa atrás de ti. Não podia esperar mais para te ver. Sorriste enquanto eu embalava o meu olhar em cada movimento teu. Sorri enquanto te perdeste em cada gesto meu. Entraste no carro. O teu cheiro de sempre, a barba de dias de ócio e a T-shirt que nunca conheceu os rigores do vapor de um ferro. Estás na mesma. {F}
O ferro de passar continua arrumado na caixa, tal como no dia em que a minha mãe mo ofereceu, poucos dias depois de de dizer que ia sair de casa. Nunca tive paciência para aquilo, ajudaste-me sempre no que foi preciso. Sinto a tua falta desde que te foste embora. Sabia que o amor nem sempre é eterno, mas não esperava que voltasses para o totó do teu ex-namorado. Por isso, quando me ligaste a combinar um café, numa noite perdida no tempo, a esperança voltou. {N}
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