Um blog partilhado por Felisbela Fonseca e Nuno Catarino.

11 junho 2004

Sunrise, sunrise...

As ruas ainda estavam caladas. Liguei o carro e recostei-me no banco ainda a pensar para onde ía, as duas mãos a agarrar o volante, como quem comanda um leme. O rádio. Ainda é cedo e as notícias à hora certa não trazem boas novas, só o tempo continua quente. Baixo até meio o vidro do carro. Acho que vou por aí, até a estrada ser sinuosa demais, ou até o sol desaparecer e rebentar uma tempestade, ou até ter um furo ou ficar sem gasolina, até deixar de ter vontade e não querer mais nada. Sim. E tal como um rio, desaguo num imenso mar. Fui até à praia.

Encontrei-te já tarde. As ruas estavam cansadas de tanta agitação e eu já habituada a tanta solidão. Abraçaste-me. São esses teus braços enormes que me matam de todas as vezes que me embrulhas num abraço sem fim, como a toalha branca com bolas coloridas que me sabe tão bem pousada sobre os ombros, a cair até quase aos pés, depois de um mergulho. Os lábios a saber
a mar.

Água doce sobre a pele salgada. Água morna a cair sobre a pele ainda quente. As ruas regressam ao silêncio, e eu entregue a mim.
[FF]