Silver Apples
A magia branca de arroz nesse tempo de fantasia emsombrada soluçava nas montanhas com a vontade imensa dos gafanhotos a fugir. Corremos agarrados, presos, as mãos entrelaçadas e tanto, tanto, que não lhes apetecia fugir, nem por um momento, dizias, nem por um momento, eu era parvo como tu e dizia nem por um momento, dizia, nem por um momento. O que não sabíamos era do monstro sardento e invisível que corria atrás de nós. E nós sem o ver, cegos de poeira enlaçada. Ele que te levou naquele dia de chuva horrível que não quero lembrar, a chuva horrível é mais horrível se tu te vais embora num dia de chuva horrível. Tu e eu, tu e eu. Bebe o copo de água transparente até ao fim e ficas transparente, sempre foste transparente e se ficou algo por ver foi porque eu não quis ver. O ruby falso, como tudo o resto que te disse e sempre acreditaste que era mesmo assim, falso como a mais dura verdade. Como os gatos que não frequentam este café nem esta mesa do canto com migalhas soltas que anseiam o regresso ao planeta quente da cor cigana. Como este resto de gelado que ainda lambo, já me devia ter ido embora mas o relógio ainda não marca duas, o pau de gelado que é oco de sabor como a verdade do medo, deves estar atrasada pois combinaste há dois dias e ainda não apareceste, se eu soubesse que o pau de gelado era tão amargo de nada pedia-te para combinar à hora certa e que não te atrases e talvez agora o cimento não fosse tão vermelho. [NC]
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