Um blog partilhado por Felisbela Fonseca e Nuno Catarino.

29 janeiro 2004

Ameixas

Na descozida malha de recordações remendo os sabores que não chegamos a provar. E a inesperada trinca, mordidela proibida, essa primeira... Nesses dias, que infindáveis deveriam ser, mas já se sabe, nunca o são quando felizes. A fruta que nos chamava e nós íamos, eu trepava, tu também, às vezes ajudava-te, que não conseguias. E houve a vez em que caímos da ameixoeira e ficamos sujos de terra, imundos até aos joelhos, que ao resto os calções cobriam, a pele de galinha por te saber mesmo lá. O sumo a escorrer das nossas caras, mais da minha, que tudo devorava apressadamente, com a urgência de quem sabe amanhã já não estar lá. Dias nossos que deixaram mais tristeza que memórias, mas ainda assim.
[NC]