Um blog partilhado por Felisbela Fonseca e Nuno Catarino.

13 setembro 2004

Listen to the Dawn

Acordei às 3h30. Dormias muito, tanto, completamente indiferente ao meu acordar repentino, ao arrastar do imenso lençol branco que levei enrolado a mim até à sala. As velas acessas para o jantar ainda ardem, ardem elas, elas menos eu. Acendi um cigarro roubado ao teu maço cinzento abandonado sobre o sofá onde me abandonei também, fria, completamente gelada à procura de um pouco de calor num cigarro. São 05h30. Continuas nesse teu sono inabalável perdido no calor da cama. Ao acordar acendes um cigarro. Saberás já que me perdeste? |f|

Nunca sabemos quando perdemos o outro. Nunca se sabe quando alguém deixa de ser nossa propriedade. Tu foste no frio da noite, preferiste a partida em silêncio, enquanto eu estava dormente em sonhos onde provavelmente também entravas. Foi só uma noite, desapareceste para sempre. Dizer adeus seria mais difícil, as despedidas são sempre difíceis, o silêncio é mais aparentemente mais comfortável. Voaste pelo meio do fumo do cigarro e da luz ténue das velas que ainda ardem. Nunca ninguém vai saber que numa noite perdida no tempo a lua sorriu e dois estranhos conseguiram ser felizes até ao amanhecer. |n|