Um blog partilhado por Felisbela Fonseca e Nuno Catarino.

12 julho 2004

O Afogamento

A banheira cheia... a encher-se de espuma. Afundei-me nela, com a cabeça cheia, a encher-se de tudo. Fiquei ali a mimar o corpo, a destilar a alma. Debaixo de água os sons são mais bonitos. {F}

Deixaste um cd a tocar, a difundir magia pela casa. O corpo afundava-se na água, ficava leve. De vez em quando a cabeça ia abaixo da água e o mundo era um pouco diferente. Pendurado no lugar da toalha, o bikini mirava-te a nudez debaixo da água. Estavas límpida, não te ousei incomodar. Só entrei para te fazer companhia depois de me teres chamado duas vezes, da primeira vez tentei resistir, à segunda vez a tua voz foi mais forte. Podemos repetir? {N}

Vieste ao som da música. Primeiro chamei-te devagarinho, soprei o teu nome sobre a espuma que dançava em cima da água morna. Como é que me ouviste? O bikini pendurado à espera de outros dias de sol, de outros banhos salgados. Depois chamei-te e vieste sem fazer barulho. Como sabes dos meus segredos? Acordei contigo ao meu lado, os cabelos ainda molhados e os teus também. Soprei-te ao ouvido... sim, podemos sempre repetir. {F}

Por momentos fomos líquido. Misturados na espuma, dissolvemos os nossos corpos na água, um no outro. A música, por cima de nós, ajudou-nos a fazer bolhas. E em cada verso que cantaste, em cada beijo que te dei, submergimos, afogamos o dia. {N}