O fim do mundo num sorriso prolongado
Escolheu o vestido preto para essa noite. Apesar de longo, deixava antever um pouco da pele sedosa das pernas. Seria ideal, pensou, para acompanhar o jantar mexicano. O vestido preto, que ocultava as cuequinhas pequenas da mesma cor, deixaria que as pernas, deliciosas como o chilli, abrissem o apetite. A sobremesa seria a melhor parte do jantar. |n|
O vestido preto era tão longo quanto o prazer que sabiam certo pela noite dentro. O picante tornaria o sangue mais quente, convidaria sempre a mais um pouco de vinho, tornaria os lábios mais vermelhos e os olhos brilhantes. Por baixo só umas cuequinhas muito pequenas, obviamente pretas, mas ambos sabiam a importância menor que teriam na infinita dança dos desejos segredados em doces palavras servidas mais tarde, como sobremesa. |f|
As palavras doces levemente sussuradas ao ouvido aproximam os lábios da carne quente do ouvidos, que talvez depois se deixem encantar, talvez os lábios se deixem escorregar pelo pescoço, talvez por um instante os lábios se toquem num momento de prazer proibido mas eterno. E enquanto isso, as mãos curiosas ousam percorrer a geografia do corpo, desbravar as curvas mágicas da pele ansiosa. O vestido bonito transformou-se num obstáculo ao fim do mundo num sorriso prolongado. |n|
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